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26 de agosto 2014

Ar comprimido tem aplicação em arqueologia

Há alguns anos os delicados trabalhos arqueológicos demandavam um tempo imenso para que extensas áreas fossem limpas e pinceladas, já que era preciso livrá-las de resíduos sem que houvesse dano aos artefatos. Hoje, no entanto, eles ganham agilidade sem perder o cuidado com os objetos encontrados, ao utilizarem o ar comprimido, jato produzido por um compressor portátil que faz a limpeza mecânica da superfície com muito mais rapidez. A tecnologia foi peça fundamental nas escavações que descortinaram o passado do Forte dos Reis Magos, em Natal (RN), cujo projeto de restauração acabou tornando-se destaque do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Cidades Históricas.
 
Forte do rei dos Magos
 
Mobilidade do equipamento foi fundamental para a realização dos trabalhos
A utilização do ar comprimido agilizou o serviço de retirada do piso interno do Forte, por exemplo, desvendando informações inéditas sobre a estrutura da construção e revelando paredes derrubadas das quais não havia qualquer registro anterior. Para evidenciar a história das várias batalhas pela tomada do Forte, foi utilizado um compressor de ar portátil de 90 pcm, uma peça de mangueira ¾”, uma ponteira e um martelo de 11 Kg. A grande mobilidade do compressor compacto e portátil foi fundamental para a realização dos trabalhos de escavação, principalmente em áreas estreitas, reduzidas e de acesso difícil.

Estrutura recém-descoberta conta a história completa do Forte

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Forte dos Reis Magos foi concluído pelos portugueses na mesma data da fundação da cidade de Natal, em 25 de dezembro de 1599. Em 1633, o entanto, foi tomado pelos holandeses, que até 1654 permaneceram no litoral do Nordeste brasileiro. A história completa da ocupação do Forte e das batalhas pela sua posse, no entanto, só pode ser conhecida com a descoberta de suas modificações estruturais. O ar comprimido retirou camadas da superfície que evidenciaram a existência de um terceiro piso e também mudanças nas divisões internas dos cômodos da construção. O maior deles, por exemplo, conhecido como “Aposento do Capitão Mor”, na realidade era uma sala com três divisões.

Utilização do ar comprimido revelou artefatos históricos

Para agilizar o trabalho e chegar a esses resultados, no entanto, a tecnologia foi essencial. A limpeza do solo com o ar comprimido colaborou para revelar também vários artefatos que ajudam a contar a história, a rotina diária e os hábitos dos povos que passaram pelo local ao longo dos anos de ocupação. Ossos de animais, espinhas de peixe, cachimbos holandeses, objetos de metal e até uma bala de canhão encontrados revelam os costumes da época e foram levados para a guarda do Iphan após análise de laboratório. É a tecnologia do futuro ajudando a desvendar o passado.
 
arqueologia